A fusão da Kroton e Anhanguera, anunciada na segunda-feira (22), criou grupo com mais de 1 milhão de alunos, avaliado em em cerca de 13 bilhões de reais. Além de intensificar a tendência de consolidação no setor, o negócio, que que ainda precisa ser autorizado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também pode ser uma resposta ao interesse de fundos e instituições estrangeiras, que planejam fazer aquisições e formar conglomerados educacionais no País.
Olavo Furtado, professor da Trevisan Escola de Negócios, destacou que a concentração em grandes grupos é uma tendência irreversível da área da educação privada, que, cada vez mais, vai exigir novas posturas dos gestores educacionais e dos próprios acionistas das empresas.
É possível observarmos algumas tendências no meio educacional privado. A concentração em grandes grupos é uma delas, isto é um fato, mas não é a única", afirmou.
Já Reginaldo Gonçalves, coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, frisou receio de setores do mercado, principalmente das empresas menores, que podem perder espaço e até desaparecer.
"A preocupação do mercado nesse momento é a possibilidade de um monopólio no setor, com poucas unidades de negócio, o que poderá gerar mais fusões e incorporações de pequenas unidades nos vários estados, em virtude da falta de sustentabilidade em disputar alunos e docentes. Caso se confirme a estratégia de massificação, os grandes conglomerados poderão inviabilizar as instituições menores e mesmo cursos que não são alvos de grande interesse", explicou.
Para o especialista da Santa Marcelina, o negócio também mostra uma movimentação das empresas brasileiras frente à concorrência que se estabelecerá com grandes fundos estrangeiros que estão desembarcando no País. "Um exemplo dos movimentos de entrada de estrangeiros no mercado de educação brasileiro é o interesse da Apolo Educacional, que sinalizou desejo de comprar a Unisa e a FMU", concluiu.